A beleza convulsiva do manequim: o corpo inorgânico da moda no Surrealismo
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.v13i28.1068Palavras-chave:
Surrealismo. Moda. Fotografia. Psicanálise.Resumo
Se o Surrealismo utilizava como matéria-prima para a sua poética os detritos da cultura burguesa e as forças do démodé, então, a moda do século XIX deve ser entendida como rica fonte de inspiração para essa vanguarda. Este artigo traça conexões entre as atitudes oitocentistas em relação ao corpo, ao vestuário e à moda e o corpo petrificado, despedaçado ou fetichizado de artistas como Man Ray, Hans Bellmer e Dalí. Nos usos da figura do manequim – corpo feminino inorgânico e transformado em mercadoria –, encontramos instanciações dos conceitos surrealistas de beleza convulsiva e informe. Trabalhando em proximidade com a moda, seja na fotografia, seja no design de joias, artistas surrealistas tornaram visível a esse campo aquilo que a própria moda lhes revelou.Downloads
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