Além do Laboratório de Malharia: uma observação crítica

Autores

  • Sandra Regina Rech UDESC

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.i37.1623

Palavras-chave:

Malharia, Laboratório, Design de Moda, Ensino Superior Italiano, Professor Visitante

Resumo

O presente artigo pretende relatar a experiência como Professora Visitante no Departamento de Design do Politécnico de Milão e abordar o Laboratório de Design como prioridade e característica distintiva do Sistema de Design do Politécnico. O conceito de Laboratório de Design refere-se a uma equipe multidisciplinar de professores, designers, pesquisadores e técnicos que orienta as atividades didáticas e de pesquisa dos discentes e que promove a inovação como parte do processo, através da observação, da experimentação, da construção do pensamento cognitivo, do trabalho cooperativo e da relação teoria-prática. Tem como escopo a aquisição das bases conceituais, teóricas, metodológicas e práticas, por parte dos alunos, para lidar com questões relacionadas ao design de produtos. É um espaço que considera o aprendizado como um produto de um processo de ensino envolvendo a experiência direta do estudante. Ademais, este trabalho objetiva salientar os aspectos do processo de ensino e aprendizagem da educação em Design de Moda na Itália, uma vez que a educação difere drasticamente de país para país, devido a sistemas educacionais distintos, várias demandas dos locais de trabalho e percepções em relação ao Design de Moda como disciplina acadêmica. Ou seja, a Educação Superior Italiana atua com atividades experimentais no sentido de definir ferramentas e métodos para treinar profissionais capazes de responder às necessidades do contexto industrial, com o conhecimento técnico e cultural adequado e a mentalidade orientada ao projeto típica das disciplinas de design industrial. Na Itália, a cultura do Design sempre foi um “ofício da arte”, que envolve quatro principais aspectos: (1) A cultura da pesquisa como suporte à criatividade, que não pode ser considerada como atributo inato sem um apoio didático e metodológico; (2) O conhecimento da dimensão técnica dos produtos, que não deve ser reduzida ao aprendizado de técnicas de corte e costura; (3) O conhecimento da dimensão metaprojetual, que é uma atividade estruturada, complexa e metódica; (4) A apreensão da dimensão sistêmica dos produtos, que são entidades complexas, baseadas na interação entre pessoas, produtos e lugares. A literatura aponta que, em uma atualidade inter-relacionada e complexa, o Design é um recurso irrefutável capaz de conduzir os sistemas produtivos para novos modelos de desenvolvimento, considerando a diversidade e a pluralidade identitária, bem como encontrar soluções resultantes como das interações interdisciplinares e híbridas entre diversas metodologias e habilidades. Consequentemente, há evidências cada vez mais claras de que a formação do futuro designer deve ser entendida como um processo, criando relações de diálogo entre a sociedade e a comunidade acadêmica para gerar um conhecimento interdisciplinar e contextualizado. O lócus da pesquisa foi o KnitLab do Politécnico de Milão, o mais recente dos Laboratórios do Sistema de Design e que possibilita o aprendizado e domínio de técnicas artesanais e industriais com as quais os futuros designers podem exercitar sua criatividade, enquanto as empresas encontram nela uma ajuda valiosa para suas pesquisas e experimentações.

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Publicado

2023-03-24

Como Citar

RECH, S. R. Além do Laboratório de Malharia: uma observação crítica. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], n. 37, p. 228–243, 2023. DOI: 10.26563/dobras.i37.1623. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1623. Acesso em: 30 abr. 2024.

Edição

Seção

Costuras