Rendas e veludos: questões de gênero a partir do redingote de Eufrásia Teixeira Leite no final do século XIX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.i41.1724

Palavras-chave:

Eufrásia Teixeira Leite, Gênero, Vestuário, Redingote, Fantasia

Resumo

O presente artigo discute normatividade de gênero a partir da investigação de um casaco de montaria da coleção Eufrásia Teixeira Leite, pertencente ao acervo do Museu Casa da Hera, em Vassouras, Rio de Janeiro. Os redingotes eram casacos masculinos de origem inglesa usados para viajar a cavalo, foram incorporados na moda através da alfaiataria masculina, e adaptados ao vestuário feminino nos séculos XVIII e XIX.  O referido casaco, catalogado no acervo como T1140, é do final do século XIX, apresenta uma estrutura tradicional de redingote, embora tenha adornos que referem aos trajes aristocráticos franceses do Antigo Regime. Este estudo busca identificar o traje como uma peça que desmistifica as noções binárias típicas da categorização de objetos ditos masculinos ou femininos. Reconhece a pesquisa histórica como ferramenta de revisão das crenças pessoais sobre papéis de gênero que tendem a considerá-las como normativas. Nem todas os trajes correspondiam à moda de sua época, e poderiam ser criados para os inúmeros bailes e festas a fantasia que faziam parte da classe alta no século XIX.

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Biografia do Autor

Flávio Oscar Nunes Bragança, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Doutor pelo Programa de Pós-graduação Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio/MAST). Professor de História do Vestuário e da Moda na Universidade Veiga de Almeida (UVA).

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Publicado

2024-08-01

Como Citar

BRAGANÇA, F. O. N. Rendas e veludos: questões de gênero a partir do redingote de Eufrásia Teixeira Leite no final do século XIX. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], n. 41, p. 55–72, 2024. DOI: 10.26563/dobras.i41.1724. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1724. Acesso em: 4 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê