Moda indígena como território contra-colonial

autoria, ativismo e diversidade cultural no Brasil contemporâneo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.v18i45.1922

Palavras-chave:

Moda indígena, Cultura Brasileira, Direitos, Contra-colonialidade, Território

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar, no contexto contemporâneo, como a moda indígena tem sido afirmada por seus representantes como índices de territorialidade contra-colonial no Brasil. Como conceito é importante situar o que se entende por moda, a partir da sociedade moderna, e compreendê-la como fenômeno cultural que acompanha o desenvolvimento capitalista e a sua expansão colonial. O campo da moda contemporânea é compreendido como um espaço social em disputa, que admite discursos plurais acerca da aparência. Os agenciamentos de estilistas indígenas demarcam um território simbólico específico e oferecem uma narrativa contra-colonial na construção histórica do discurso da moda nacional. Privilegio uma leitura de direitos, analisados em perspectiva ampla, com enfoque na participação cidadã, civil e cultural indígena. Entendo fundamental atentar ao pensamento de autores indígenas, bem como à escuta crítica da epistemologia acadêmica. Como metodologia, proponho-me, ademais, a realizar uma revisão bibliográfica transdisciplinar, em diálogo com a moda, a geografia, a antropologia e a sociologia. Concluo sugerindo que a moda de autoria indígena é hoje ato de resistência e agenciamento de seus sujeitos e coletividades, possível apenas com o reconhecimento constitucional recente da capacidade civil plena de seus atores e de suas expressões como parte do patrimônio cultural brasileiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Helena Japiassu Marinho de Macedo, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná (PPGD/UFPR).

Referências

ALMEIDA, Mauro W. B. Caipora e outros conflitos ontológicos. In: Revista de Antropologia da UFSCar, v.5, n.1, jan.-jun., 2013, pp. 7-28, 2013. DOI: https://doi.org/10.52426/rau.v5i1.85

ANDRADE, Rita Morais de; KARAJÁ, Tuinaki Koixaru; KARAJÁ, Waxiaki; CALAÇA, Indyanelle Marçal Garcia Di. Os vestires plurais dos povos originários: uma proposta intercultural e interdisciplinar. In: DOBRAS. Número 40. Janeiro-Abril 2024. In: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras e-ISNN 2358-0003 DOI: https://doi.org/10.26563/dobras.i40.1812

BARRETO, Carol. Modativismo: quanto a moda encontra a luta. São Paulo: Paralela, 2024.

BOURDIEU, Pierre; DELSAUT, Yvette. O costureiro e sua grife: contribuição para uma teoria da magia. In: Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 34, p. 7‑66, dez. 2001.

BOURDIEU, P. A Génese dos conceitos de habitus e campo. In: O poder simbólico. 10.ed. Lisboa: DIFEL, 2007. p. 59-74.

CASARIN, Carolina. O guarda-roupa modernista: o casal Tarsila e Oswald na moda. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

CHATAIGNIER, Gilda. Algumas considerações sobre a história da moda no Brasil. In: Textos do Brasil 18 Moda. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2011. ISSN 2179-7730.

CUNHA FILHO, Francisco Humberto. Teoria dos direitos culturais: Fundamentos e finalidades. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018.

DORRICO, Julie. A fortuna crítica (da exclusão): Makunaimî na literatura indígena contemporânea. In: Revista do Centro de Pesquisa e Formação/N°14, julho 2022. Disponível em: A fortuna crítica (da exclusão): Makunaimî na literatura indígena contemporânea - Sesc São Paulo : Sesc São Paulo (sescsp.org.br) Acesso em: 20 jul 2023.

FAVALLE, Patrícia. À moda da casa. In: Textos do Brasil 18 Moda. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2011. ISSN 2179-7730.

FERREIRA, G. A.; MANGO, A. R. Cultura como direito fundamental: regras princípios culturais. In: Revista Brasileira de Direitos e Garantias Fundamentais. Brasília v. 3 n. 1 |p. 80 – 98: Jan/Jun. 2017. Disponível em: https://typeset.io/pdf/cultura-como-direito-fundamental-regras-e-principios-2p2gx4hrdx.pdf Acesso em: 10 dez 2024. DOI: https://doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0111/2017.v3i1.2108

FESTIVAL ACEITA. Nalimo. In: Casa dos Criadores. Disponível em: https://casadecriadores.com.br/aceita-nalimo/ Acesso em: 10 dez 2024.

GOLDENBERG, Miriam. O corpo como capital para compreender a cultura brasileira. In: Textos do Brasil 18 Moda. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2011. ISSN 2179-7730.

IBGE. Brasil tem 1,7 milhões de indígenas e mais da metade deles vive na Amazônia Legal. In: IBGE. 7 ago 2023. Disponível em: https://agenciadenotícias.ibge.gov.br Acesso em: 9 dez 2024.

KHALIL, Glória. Panorama da indústria de moda brasileira. In: Textos do Brasil 18 Moda. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2011. ISSN 2179-7730.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: A moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

MACEDO, Maria H. J. M. de. Marcas indígenas e alternativas sustentáveis para povos tradicionais. In: Marcas e patentes: inovação e sociedade. Coordenação de Marcos Wachowicz, Ângela Kretschmann – 1. ed – Curitiba: IODA, 2023.

MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

MIGNOLO, Walter D. A ideia de América Latina: a herança do colonialismo e a busca por um novo diálogo intercultural. Tradução de Maria Helena Kuhner. São Paulo: UNESP, 2005.

NAVALON, Eloize. As semanas da moda no Brasil. In: Textos do Brasil 18 Moda. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2011. ISSN 2179-7730.

NODARI, Alexandre. Recipropriedade. In: PISEAGRAMA, Belo Horizonte, n. 12, p. 26-35, ago. 2018.

OLIVEIRA, Larissa. Da (in)existência de direito dos povos e comunidades tradicionais brasileiros ao exercício de titularidade patrimonial sobre as expressões culturais tradicionais exploradas no mercado da moda – 2022. 138 f. Orientador: Prof. Dr. Rodolfo Mário Veiga Pamplona Filho. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Direito, Salvador, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36257#:~:text=Assim%2C%20o%20objetivo%20deste%20estudo%20%C3%A9%20analisar%20se,sobre%20as%20ECT%20exploradas%20no%20mercado%20da%20moda. Acesso em: 5 dez 2024.

OLIVEIRA SANTOS, Heloísa Helena de. Uma análise teórico-política decolonial sobre o conceito de moda e seus usos. In: ModaPalavra. Florianópolis. V. 13, N. 28, p. 164-190, abri./jun. 2020. DOI: https://doi.org/10.5965/1982615x13272020164

SANTOS, Ana Paula. Greenwashing: o que significa esse termo? In: POLITIZE. 19 nov. 2020. Disponível em: https://www.politize.com.br/greenwashing-o-que-e/ Acesso em: 11 dez 2024.

SANTOS, Antônio Bispo dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu Editora/PISEAGRAMA, 2023.

SILVA, Glicéria de Jesus da. O Voo do Manto e o Pouso do Manto: Uma Jornada pela Memória Tupinambá em um relato sobre a exposição Manto em Movimento. In: DOBRAS. Número 40. Janeiro-Abril 2024. In: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras e-ISNN 2358-0003 DOI: https://doi.org/10.26563/dobras.i40.1817

SIODUHI. Sobre a Sioduhi. In: SIODUHI. Disponível em: https://www.sioduhi.com/sioduhi Acesso em: 10 dez 2024.

SORDI, Chantal. Nalimo produz moda com identidade indígena e propósito. In: ELLE. 28 abr. 2022. Disponível em: https://elle.com.br/moda/nalimo Acesso em: 10 dez 2024.

TESSARI, Valéria Faria dos Santos; BONADIO, Maria Claudia. Vestir é mais que moda. In: DOBRAS. Número 40. Janeiro-Abril 2024. In: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras e-ISNN 2358-0003

TORRE, Luigi. O novo sempre vem. In: Textos do Brasil 18 Moda. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2011. ISSN 2179-7730.

WALSH, Catherine. Pedagogìas decoloniales: Prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Tomo II. Serie Pensamiento decolonial. Catherine Walsh, editora. Quito-Ecuador: Ediciones Abya-Yala, febrero, 2017.

WILLIAM, Rodney. Apropriação cultural. São Paulo: Jandaíra, 2020.

Página com uma estética monocromática em tons de vermelho escuro. A imagem central, com uma textura granulada e dramática, mostra o perfil de uma pessoa, voltado para a esquerda. Grande parte do rosto e do pescoço está oculta por formas orgânicas, densas e rugosas, que lembram grandes pétalas de uma flor murcha ou folhas secas, criando um efeito de fusão entre o humano e a natureza. Apenas o contorno superior da cabeça, parte do cabelo curto e a orelha são visíveis. No canto superior direito, está escrito na vertical e em branco: "[artigos]". O fundo é liso, em um tom de vermelho ligeiramente mais claro que a imagem central.

Downloads

Publicado

2025-11-28

Como Citar

MACEDO, Maria Helena Japiassu Marinho de. Moda indígena como território contra-colonial: autoria, ativismo e diversidade cultural no Brasil contemporâneo. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], v. 18, n. 45, p. 143–165, 2025. DOI: 10.26563/dobras.v18i45.1922. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1922. Acesso em: 21 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos