Moda unissex na Pop, primeira revista jovem do Brasil (anos 1970)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.i41.1718

Palavras-chave:

Moda unissex, Revista Pop, Brasil, Juventude, Anos 1970

Resumo

A Pop, primeira revista destinada às garotas e aos garotos do Brasil, circulou entre 1972 e 1979 pela editora Abril, abordando a moda do período entre outros assuntos. A revista, veiculada em plena ditadura militar, dialogou com transformações comportamentais daqueles anos impulsionadas, em parte, pelos movimentos hippie, gay e feminista. Compreendemos que a moda não é uma prática neutra e apolítica, mas atravessada por visões de mundo, interesses e regulações, podendo reiterar ou não desigualdades sociais. Sendo assim, o objetivo do texto é entender como a moda unissex, que circulou na Pop, materializou transformações culturais do período, questionando e/ou reforçando normas de gênero. Para isso, nós analisamos a jardineira, peça unissex de maior destaque na revista, nos apoiando em Estudos de Gênero e Estudos Culturais e na História do Brasil, da Mídia e da Moda. A partir das análises, verificamos se as peças de moda realmente funcionaram de modo unissex, enquadrando ou não maneiras distintas de vesti-las quando conectadas a corpos ditos femininos e masculinos. Ademais, também avaliamos se as produções mantiveram ou não referências de feminilidades e de masculinidades, causando ou não ambiguidades de gênero.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maureen Schaefer França, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Doutora em Tecnologia e Sociedade pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Professora dos cursos de graduação do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial da mesma instituição.

Marinês Ribeiro dos Santos, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora dos cursos de Graduação do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial e de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Referências

BAHIANA, Ana Maria. Almanaque anos 70. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

BARROS, Patrícia Marcondes. A revolução sexual e o feminismo de Rose Marie Muraro através da imprensa alternativa contracultural nos anos 1970. In: Anais do VIII Congresso Internacional de História. Maringá, 2017.

BELL, David; HOLLOWS, Joanne (eds.). Ordinary Lifestyles: popular media, consumption and taste. NY, New York: Open Unievrsity Press, 2005.

BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

BENTO, Berenice. As tecnologias que fazem os gêneros. In: Anais do VIII Congresso Iberoamericano de Ciência, Tecnologia e Gênero. Curitiba: UTFPR, 2010.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CARVALHO, Vânia Carneiro de. Gênero e artefato: o sistema doméstico na perspectiva da cultura material – São Paulo, 1870-1920. São Paulo: Edusp; Fapesp, 2008.

CEVASCO, Maria Elisa. Dez lições sobre estudos culturais. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003.

CHATAIGNIER, Gilda. História da Moda no Brasil. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.

CORRÊA, Thomaz Souto. Entrevista concedida à Maureen França via telefone. 28/07/2018.

DUNN, Christopher. Contracultura: Alternative Arts and Social Transformation in Authoritarian Brazil. The University of North Carolina Press, 2016. DOI: https://doi.org/10.5149/northcarolina/9781469628516.001.0001

FRANÇA, Maureen Schaefer. Juventude "transada": moda como tecnologia de gênero na revista pop (anos 1970). 2021. 466 f. Tese (Doutorado em Tecnologia e Sociedade) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2021.

HARRIS, Karen. Who wore short shorts? In the 1970s, men wore short shorts, 2019. Disponível em: <https://groovyhistory.com/mens-shorts-styles-of-the-seventies>. Acesso em: 30/09/23. [141]

HINES, Alice. How His’n’Her ponchoes became thing: history unissex fashion, 2015. Disponível em: <https://www.smithsonianmag.com/arts-culture/his-her-ponchoes-became-thing-history-unisex-fashion-180955240/>. Acesso em: 06/10/2020.

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

KAMINSKI, Leon Frederico. A revolução das mochilas: contracultura e viagens no Brasil ditatorial. 2018. 277 f. Tese (Doutorado em História), Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal Fluminense, 2018.

MIRA, Maria Celeste. O Leitor e a Banca de Revistas: o caso da Editora Abril. 1997. 359 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas/ Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.

MISKOLCI, Richard. Diversidade ou diferença? (05.09.2015). Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/diversidade-ou-diferenca-2/>. Acesso em: 05/10/2023.

MONTEIRO, Marko. Masculinidades em revista: 1960-1990. In: PRIORE, Mary del; AMANTINO, Marcia (Orgs.). História dos homens no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

OKIN, Susan Moller. Gênero, o público e o privado. In: Estudos Feministas, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 305-332, mai./ago., 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2008000200002

OLIVEIRA, Luana Farias. Quem tem medo de sapatão? Resistência lésbica à Ditadura Civil-Militar (1964-1985). In: Periódicus, n. 7, v. 1, mai-out. 2017, p. 06-19. DOI: https://doi.org/10.9771/peri.v1i7.21694

PAOLETTI, Jo B. Sex and unissex: fashion, feminism and the Sexual Revolution. USA: Indiana University Press, 2015.

PATON, Kathleen. Jacques Esterel. Disponível em: <http://www.fashionencyclopedia.com/Es-Fo/Esterel-Jacques.html>. Acesso em: 06/11/2020.

PEDRO, Joana Maria. Corpo, prazer e trabalho. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria. Nova História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2016.

PINSKY, Carla Bassanezi. A era dos modelos rígidos. In: PINSKY, Carla B.; PEDRO, Joana M. (orgs.). Nova História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2016.

PRECIADO, Beatriz. Manifesto contrassexual: práticas subversivas de identidade sexual. São Paulo: n-1 edições, 2014.

RAINHO, Maria do Carmo Teixeira. Moda e Revolução nos anos 1960. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2014.

RETANA, Camilo. Las artimañas de la moda: hacia um análisis del disciplinamento del vestido. 2014. 304 f. Tesis de posgrado. Universidad Nacional de La Plata. Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación.

SABINO, Marco. Dicionário da Moda. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.SALIH, Sara. Judith Butler e a teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. História da Beleza no Brasil. São Paulo: Contexto, 2014.SAVAGE, Jon. A criação da juventude: como o conceito de teenager revolucionou o século XX. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

SMITH, Riley. A history of overalls. Disponível em: <https://www.seamwork.com/issues/2020/08/a-history-of-overalls>. Acesso em: 06/10/2020.

TREVISAN, João Silvério. Devassos no Paraíso. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000.

WOLF, Naomi. O mito da beleza. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.

ZACAR, Claudia Regina Hasegawa. O design de interiores como prótese de gênero: um estudo sobre a Casa Cor Paraná (1994-2017). 2018. 268 f. Tese (Doutorado em Tecnologia e Sociedade), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2018.

ZIMMERMANN, Maíra. Jovem Guarda: moda, música e juventude. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2013.

Downloads

Publicado

2024-08-01

Como Citar

FRANÇA, M. S.; SANTOS, M. R. dos. Moda unissex na Pop, primeira revista jovem do Brasil (anos 1970) . dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], n. 41, p. 117–143, 2024. DOI: 10.26563/dobras.i41.1718. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1718. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê