Algumas reflexões teóricas sobre a traje indígena no Brasil colônia

Autores

  • Roberta Marx Delson Columbia University

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.i40.1813

Palavras-chave:

Adornamento, Diretório dos Índios, “Vestuário`, Manutenção da ordem social

Resumo

O presente artigo é uma tentativa preliminar de aplicar as teorias sociais atuais sobre “vestuário” como uma forma de adorno, e “vestuário” como significante de classe em relação a questão dos modos de vestir dos povos indígenas no Brasil colonial. Partindo da análise de Joanne Enwistle, examino o encontro entre os indígenas e os administradores coloniais portugueses que ocorreu por mais de três séculos de controle. Também interpreto as ordens emitidas sobre as roupas dos nativos durante o controle do Diretório dos Índios. Minhas conclusões reforçam as teorias de que os adornos indígenas podem ser interpretados como “vestimentas” e, além disso, os portugueses entendiam esse conceito. Apesar disso, existiam contradições na abordagem portuguesa de criação de um proletariado de indígenas vestidos de maneira uniforme; a Coroa rotineiramente elevava os líderes (aos quais eram destinadas roupas elegantes) de maneira a reforçar a dependência em relação aos líderes coloniais. Ainda que esse “código de vestimenta” para a população indígena ajudasse a manter a ordem social, ele não foi inevitavelmente seguido.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Roberta Marx Delson, Columbia University

PhD in Latin American History, Columbia University. Research Associate, Division of Anthropology, the American Museum of Natural History.

Referências

ANONYMOUS. Description of the Tupinambá,1587. In Robert M. LEVINE and John J. CROCITTI (Eds.), The Brazil Reader: History, Culture, Politics. Durham: Duke University Press, 1999.

ARAÚJO CORRÊA, Luís Rafael. A Aplicação da Política Indigenista Pombalina nas Antigas Aldeias do Rio de Janeiro. Masters Thesis, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2012.

BARICKMAN, B.J. “Tame Indians”, “Wild Heathens”, and Settlers in Southern Bahia in the Late Eighteenth and Early Nineteenth Centuries, The Americas, Vol. 51, p. 325-368, 1995. DOI: https://doi.org/10.2307/1008226

BARNES, Ruth; EICHER, Joanne B. (Eds.) Dress and Gender: Making and Meaning, Oxford: Berg, 1993.

DELSON, Roberta Marx. Translated by Fernando de Vasconcelos Pinto. Novas Vilas Para o Brasil-Colônia: Planejamento Espacial e Social no Século XVIII. Brasília: Editora Alva-Ciord, 1998.

DELSON, Roberta Marx. Beyond Imperial Domination and Resistance: Extrapolating the Late Colonial Amazonian Cultural Landscape from the Visual Record. Yearbook, Conference of Latin Americanist Geographers, Vol. 26, p. 117-130, 2000.

DELSON, Roberta Marx. Versailles on the Guaporé: the Visual Evidence of Vila Bela’s Past Glory. Varia historia, Vol. 30, p. 13-36, 2004.

DELSON, Roberta Marx. Brazil: Origin of the Textile Industry. In Lex Heerma VAN VOSS, Els HIEMSTRA-KUPERUS and Elise VAN NEDERVEEN MEERKERK (Eds.), The Ashgate Companion to the History of Textile Workers, 1650-2000. Farnham (UK): Ashgate Publishers, p. 75-101, 2010.

DICKENSON, John; DELSON, Roberta Marx. Enterprise Under Colonialism: A Study of Pioneer Industrialization in Brazil 1700-1830. University of Liverpool Institute of Latin American Studies Working Paper, No. 12, p. 1-63, 1991.

ENTWISTLE, Joanne. The Fashioned Body: Fashion, Dress and Modern Social Theory, 3rd. ed. Cambridge, U.K.: Polity Press, 2023.

FRANÇA PAIVA, Eduardo. Escravos e Libertos Nas Minas Gerais do Século XVIII: Estratégias de Resistência Através dos Testamentos. São Paulo, 1995.

FERREIRA, Alexandre R. Viagem Filosófica pela Capitania do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, 1783-1792. Iconografía, 2 vols. Rio de Janeiro: Conselho de Cultura, 1971.

FERREIRA, Alexandre R. Memorias da Viagem Filosófica pela Capitania do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, 2 vols. Rio de Janeiro: Conselho de Cultura, 1974.

HEMMING, John. Noble Savages. In Robert M. LEVINE and John J. CROCITTI (Eds.), The Brazil Reader: History, Culture, Politics. Durham: Duke University Press, 1999.

LANGFUR, Hal. The Forbidden Lands: Colonial Identity, Frontier Violence, and The Persistence of Brazil’s Eastern Indians, 1750-1830, Stanford: Stanford University Press, 2006. DOI: https://doi.org/10.1515/9781503625273

LANGFUR, Hal. Adrift on an Inland Sea: Misinformation and the Limits of Empire in the Brazilian Backlands. Stanford: Stanford University Press, 2023. DOI: https://doi.org/10.1515/9781503633971

MADUREIRA, Nuno Luís (Ed.). História do Trabalho e dos Occupações. 3 vols., vol. 3, A Indústria Têxtil. Oeiras, 2001.

PRADO, Jr, Caio. Translated by Suzette Macedo. The Colonial background of Modern Brazil. Berkeley: University of California Press, 1967.

ROLLER, Heather. Contact Strategies: Histories of Native Autonomy in Brazil. Stanford: Stanford University Press, 2021. DOI: https://doi.org/10.1515/9781503628120

SEED, Patricia. American Pentimento: The Invention of Indians and the Pursuit of Riches. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2001.

SOARES FERNANDES, Abel, FREITAS ALVES, Angela and DO VALE FERNANDES, Julieta. O Trajo na Madeira: Subsidio para o seu Estudo. Funchal, 1994.

WILSON, Elizabeth. Adorned in Dreams: Fashion and Modernity. London: I.B. Tauris, 2013 (revised edition).

Downloads

Publicado

2024-04-01

Como Citar

DELSON, R. M. Algumas reflexões teóricas sobre a traje indígena no Brasil colônia. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], n. 40, p. 51–66, 2024. DOI: 10.26563/dobras.i40.1813. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1813. Acesso em: 1 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê