Performando a norma: uma leitura antropológica das fantasias de Clóvis Bornay

Autor/innen

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.i41.1734

Schlagworte:

Fantasias, Gênero, Dissidência Sexual, Transgressões, Convenções Sociais

Abstract

O objetivo desse artigo é analisar as transgressões, cumplicidades e tipos de agenciamento promovidas por Clóvis Bornay a partir de suas fantasias nos concursos de fantasia de luxo do carnaval carioca entre as décadas de 1930 e 1970. O foco analítico recaiu no modo como Bornay combinando fantasias, maquiagem, acessórios e performances puderam negociar relações de poder manipulando diferentes "travestismo" de classe, raça e gênero e operando mecanismos de "burla" das convenções de gênero e sexualidade vigentes naquele contexto histórico. Tomadas como ponto de partida para pensar questões como diversidade sexual e de gênero na sociedade brasileira, as fantasias de Clóvis Bornay permitiram que esse corpo dissidente "habita-se a norma", ao mesmo tempo em que se rebelava contra ela. O trabalho de pesquisa se baseou em diferentes estratégias: notícias de jornais de ampla circulação no Rio de Janeiro, como O Globo e o Diário de Notícias; revistas ilustradas como Fatos & Fotos; fotografias pessoais, um documentário sobre sua vida e contribuição à museologia e entrevista com uma de suas filhas.

Downloads

Keine Nutzungsdaten vorhanden.

Autor/innen-Biografie

Thiago Barcelos Soliva, Universidade Federal do Sul da Bahia

Doutor em Ciências Humanas (Antropologia Cultural) pela UFRJ. Professor da Universidade Federal do Sul da Bahia.

Literaturhinweise

ABREU, Regina. A fabricação do imortal: memória, história e estratégias de consagração no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

BORNAY, Clóvis. Estácio de Sá – primeiro fundador e conquistador desta terra e cidade. Anais do Museu Histórico Nacional, v. XV, p.197-205, 1965. Disponível em: https://anaismhn.museus.gov.br/index.php/amhn/issue/view/25/Anais%20do%20Museu%20Hist%C3%B3rico%20Nacional%2C%20v.%2015%2C%20ano%201965. Acesso em: 15 out. 2023.

CALABRE, Lia. A Era do Rádio. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

CHAGAS, Mário. Clóvis Bornay: singular e múltiplo. Museologia & Interdisciplinaridade, Brasília, v. 11, n. 21, Jan./Jun., 2022. Disponível em: https://doi.org/10.26512/museologia.v11i21.41985. Acesso em 14 out. 2023. DOI: https://doi.org/10.26512/museologia.v11i21.41985

COSTA, Haroldo. 100 anos de carnaval no Rio de Janeiro. São Paulo: Editora Irmãos Vitale, 2000.

GREEN. James N. Além do Carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século XX. São Paulo: Ed. UNESP, 2000.

LEITE JÚNIOR, Jorge. Das maravilhas e prodígios sexuais: a pornografia “bizarra” como entretenimento. São Paulo: Annablume, 2006.

MAHMOOD, Saba. “Teoria feminista, agência e sujeito liberatório: algumas reflexões sobre o revivalismo islâmico no Egipto”. Etnográfica, v. 10, n. 01, mai., 2006. Disponível em: https://doi.org/10.4000/etnografica.6431. Acesso em: 02 out. 2023. DOI: https://doi.org/10.4000/etnografica.3009

MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate imperial. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.

POMIAN, Krzystof. Colecção. In: Le GOFF, Jacques (Org.). Enciclopédia Einaudi. Memória / História. Porto: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1984. v.1, p.51-86.

PONTES, Heloisa. A burla do gênero: Cacilda Becker, a Mary Stuart de Pirassununga. Tempo Social, São Paulo, v. 16, n. 01, pp. 231-262, 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-20702004000100012. Acesso em: 20 set. 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-20702004000100012

SÁ, Ivan C.; ECHTERNACHT, Anna L. I.; SEOANE, Raquel V. R. M. Clóvis Bornay: memória de um centenário esquecido! Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, v. 50, p. 100-121, 2018. Disponível em: https://anaismhn.museus.gov.br/index.php/amhn/article/view/129/84. Acesso em: 15 set. 2023.

STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

SOLIVA, Thiago B. “Homens em travesti”: carnaval, criminalidade e “inversão sexual” no Rio de Janeiro nas décadas de 1950 e 1960. Anos 90, Porto Alegre, v. 29, e2022207, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.22456/1983-201X.120461. Acesso em: 25 out. 2023. DOI: https://doi.org/10.22456/1983-201X.120461

Jornais

A ESTÁTUA de Estácio ficará pronta somente no fim do ano. O Globo, Rio de Janeiro, 06 jan. 1967.

BORNAY: arte não tem preço e com plumas venço em 1965. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 10 dez. 1964.

BORNAY, Evandro, Eloy: eles estão nos retoques finais para dar luxo e cor ao carnaval da fantasia. O Globo, Rio de Janeiro, 03 jan. 1982.

Bric-à-Brac. O Globo, Rio de Janeiro, 08 out. 1965.

CARNAVAL. O Globo, Rio de Janeiro, 04 fev. 1937.

FOTÓGRAFO fica de fora no Baile dos “Travesti”. O Globo, Rio de Janeiro, 07 fev. 1959.

HISTORIADORES: o monumento que Portugal quer dar ao Rio deve ser em honra de Estácio de Sá. O Globo, Rio de Janeiro, 01 jan. 1964.

O BAILE de Gala do Municipal: a mais elegante festa do carnaval de 1937. O Globo, Rio de Janeiro, 01 fev. 1937.

O GLOBO e o carnaval. O Globo, Rio de Janeiro, 14 fev. 1931.

SERÁ fundida em bronze dentro de um mês a estátua de Estácio de Sá. O Globo, Rio de Janeiro, 01 nov. 1965.

Filme

Entre o museu e a fantasia: um tributo à Clóvis Bornay. Direção: Núcleo de Memória da Museologia no Brasil (NUMMUS). Documentário. Brasil, 2016.

Veröffentlicht

2024-08-01

Zitationsvorschlag

SOLIVA, T. B. Performando a norma: uma leitura antropológica das fantasias de Clóvis Bornay. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], n. 41, p. 242–263, 2024. DOI: 10.26563/dobras.i41.1734. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1734. Acesso em: 7 aug. 2024.

Ausgabe

Rubrik

Dossiê