O século do uniforme

espartilho, padronização e individualização do corpo feminino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.i42.1756

Palavras-chave:

Espartilho, Cultura Material, Gênero, Corpo, História do Brasil

Resumo

O espartilho foi objeto de uma nova experiência feminina, vinculada à modernidade. Entre o final do século XIX e início do século XX, o espartilho circulava no corpo de mulheres, era exibido em lojas, vitrines e ateliês de costura, divulgado em anúncios publicitários e revistas ilustradas. Neste período, a proliferação dos discursos sobre a moda e as mudanças periódicas no vestuário tiveram forte apelo entre as mulheres. Ao mesmo tempo, a produção em massa de espartilhos alterou as relações entre clientes e vendedoras e trans- formou as experiências de consumo. Assim, a partir da análise deste objeto, discutiremos temas relacionados à padronização do corpo feminino, à pseudoindividualização, à intimidade e às tensões entre indivíduo e sociedade de massas.

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Biografia Autor

Priscila Nina, Universidade de São Paulo

Pós-doutora pelo Museu Paulista da USP, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) – bolsa Fapesp (Processo no 2016/24145-6); mestre em Artes pela King’s College London (Uni- versidade de Londres). Desenvolve pesquisa nas áreas de cultura material, gênero, corpo e moda.

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Publicado

2024-12-02

Como Citar

NINA, P. O século do uniforme: espartilho, padronização e individualização do corpo feminino. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], n. 42, p. 498–524, 2024. DOI: 10.26563/dobras.i42.1756. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1756. Acesso em: 4 dez. 2024.

Edição

Secção

V - Moda, Corpos e Artefatos