Mulheres em vingança e novos “simbolismos de corpos femininos” entre antropomorfismo fílmico, moda e idealismo de género no cinema de Visconti

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.i35.1414

Palavras-chave:

Luchino Visconti, Estrelato, Chanel, Estudos de Género, Estudos de Moda

Resumo

O realismo cinematográfico de Visconti diz respeito à história das transformações de identidade dos italianos do pós-guerra ao boom económico, e se baseia na representação do contexto psico-sócio-antropológico em que “modelos de mulheres contemporâneas” surgem, às vezes erotizados, e sempre emblemáticos de tentativas de vingança feminina ainda a germinar. Nos primeiros filmes de Visconti este aspecto particular toma, portanto, forma em tons idealmente progressistas e não concretos, representados através de personagens interpretados por divas da época como Giovanna-Calamai em Ossessione (1943), Maddalena-Magnani em Bellissima (1951) e Pupe-Schneider em Il lavoro (1962). Subjacente ao potencial expressivo destas obras está o valor antropomórfico do cinema, proposto num dos seus famosos ensaios como “declaração de intenções”, um preâmbulo dos seus filmes concebido para evidenciar a capacidade, ainda por construir, de reproduzir o valor da autenticidade humana na representação e na cena, ou a partir de aspectos materiais de que é composta. É precisamente a teoria cinematográfica subjacente e a representação cénica, implicada tanto nas formas simbólicas construídas pelo realizador como nos materiais que compõem o cenário, figurinos e requisitos da cena, que inicialmente assumem traços do neo-realismo, ou como o próprio especificou de “realismo humano”, característica que manterá sempre, mesmo nos filmes do segundo período definido pela crítica como barroco e decadentista. Esta transição será determinada pelo entendimento de que o boom económico e o advento de uma nova sociedade capitalista mudaram radicalmente a vida e a cultura dos italianos, e nem sempre para melhor. A fim de narrar esta mudança, Visconti definirá novas formas narrativas “ realisticamente pré-estruturadas “ que mostram, através da riqueza da materialidade dos ambientes e do guarda-roupa, os aspectos simbólicos de um novo “realismo humano” degenerado pelo dinheiro e muitas vezes escondido por detrás do aparente crescimento social. A partir deste discurso, as três personagens femininas acima mencionadas são analisadas, com particular atenção o personagem interpretado por Pupe-Schneider, num estudo de caso escolhido pelas conotações dramatúrgicas particulares construídas através dos elementos barrocos da cena e dos figurinos/vestidos da marca Chanel.

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Teresa Biondi, Università di Torino

Laureata al DAMS e docente a contratto presso l’Università di Torino.

Referências

BARTHES, Roland. Système de la Mode. Paris: Editions du Seuil,1967.

BRUNETTA, Gian Piero. Il cinema neorealista italiano. Bari: Laterza, 2014.

BRUNO, Giuliana. Surface: Matters of aesthetics, materiality, and media. Chicago: University of Chicago Press, 2014

BUSETTA, Laura; VITELLA Federico, (a cura di). Stelle di mezzo secolo: divismo e rappresentazione della sessualità nel cinema italiano (1948-1978). Schermi, 4(8), 2020.

CALLEGARI, Giuliana; LODATO, Nuccio (a cura). Leggere Visconti: scritti, interviste, testimonianze e documenti di e su Luchino Visconti, con una bibliografia critica generale. Pavia: Amministrazione Provinciale di Pavia, 1976.

CARDONE, Lucia. Dive nuove e aspiranti attrici: Siamo donne (1953). Agalma, n. 122, 2011, pp. 72-77.

CARLUCCIO, Giulia Anastasia. Suso Cecchi d'Amico. Quaderni del CSCI. Rvista annuale di cinema italiano, n. 11, 2015, pp. 281-282.

CARLUCCIO, Giulia Anastasia; MORREALE, Emiliano; PIERINI, Maria Paola (a cura di). Intorno al Neorealismo. Voci, contesti, linguaggi e culture dell'Italia del dopoguerra. Milano: Scalpendi, 2017.

CHIARETTI, Tommaso. Intervista con Luchino Visconti. Mondo Nuovo, Roma: n.9, 28 febbraio, 1960.

CUCINOTTA, Caterina. How do the costume make the difference in the ethno-fiction films-fishermen commnities in Sicily and in Portugal. International Journal of Arts & Sciences, 5(3), 2012, pp. 247-252.

DI CARLO, Carlo; FRATINI, Gaio (a cura di). Boccaccio ‘70 di De Sica, Fellini, Monicelli, Visconti. Bologna: Cappelli, 1962.

DI GIAMMATTEO Fernaldo (a cura di). La controversia Visconti. Bianco e Nero, XXXVII, 9-12, settembre-ottobre, 1976.

DONIOL-VALCROZE Jacques; DOMARCHI Jean. Entretien avec Luchino Visconti. Cahiers du cinéma, Paris: IX, 93, mars 1959, pp. 1-10.

DYER, Richard. Stars. Lomdon: British Film Institute, 1979.

EDGAR, Morin, L'esprit du temps. Paris: Grasset, 1962.

FAMILIARE, A. F, LOMBARDI, A. Intervista a Piero Tosi. A.S.C. News, n. 1, gennaio-febbraio-marzo, 2006. p. 10.

FERRERO, Adelio (a cura di). Visconti: il cinema. Tavola rotonda, rassegna cinematografica, mostra dei costumi. Modena: Ufficio cinema del Comune di Moderna, 1977.

FERRERO, Adelio. "La terra trema": un film di Luchino Visconti. Padova: R.A.D.A.R., 1969.

GANDIN, Michele. Storia di una crisi in "Bellissima". Cinema, n. s., Milano: IV, 75, 1 dicembre, 1951, pp. 292-295.

GIDEL, Henry. Coco Chanel. Paris: Flammarion, 2010.

GIDDENS, Anthony. The transformation of intimacy: Sexuality, love and eroticism in modern societies. Stanford: Stanford University, 1992.

GIORI, Mauro. Scandalo e banalità. Rappresentazioni dell’eros in Luchino Visconti (1963-1976). Milano: L.E.D., 2012.

NEUMANN, C. E. (2017). Chanel, Coco. In GOETHALS, George, HOYT, Crystal (Eds). Women and Leadership: History, Theories, and Case Studies. Great Barrington, MA: Berkshire Publishing, 2017.

KODA, Harold & BOLTON, Andrew. Chanel. New York: Metropolitan Museum of Art, 2005.

LAUREANO, Núñez García. Boccaccio ‘70. Imágenes y representaciones de la mujer en el cine italiano. Revista Internacional de Culturas y Literaturas, n. 10, 2011, pp. 282-292; https://revistascientificas.us.es/index.php/CulturasyLiteraturas/article/view/17918, (ultima consultazione 30/10/2021).

MAINA, Giovanna; ZECCA, Federico (a cura di). La sessualità nel cinema italiano degli anni Sessanta. Cinergie, n. 5, 2014.

MARZOT, Vera; TIRELLI, Umberto (a cura di). L'arte del costume nel cinema di Luchino Visconti. Roma: L'arte della stampa, 1977.

MICCICHÈ, Lino. Visconti e il neorealismo: Ossessione, La terra trema e Bellissima. Venezia: Marsilio, 1988.

MIRET, Jorba. Luchino Visconti: la razón y la pasión. Barcelona: Dirigido, 1989.

MISSERO, Dalila. Non solo bambole: lo stardom femminile della commedia a episodi e il dibattito sul cinema immorale (1964-1966). Schermi. Storie e culture del cinema e dei media in Italia, n. 1(1), 2017, pp. 119-133.

MOULLET, Luc. La fiancée de Visconti. Bref, Paris: gennaio-aprile 2012, pp. 48-49.

NOWELL-SMITH, Geoffrey. Luchino Visconti. London: Secker et Warburg, British Film Institute, 1967.

PARIGI, Stefania. Donne e streghe. Le novelle di Luchino Visconti. In DE GRASSI, Massimo (a cura di). Luchino Visconti oggi: il valore di un’eredità artistica. Trieste: EUT Edizioni Università di Trieste, 2020, pp. 47-70.

PARIGI, Stefania. Il neorealismo. il nuovo cinema del dopoguerra. Venezia: Marsilio, 2014.

PERRY Georges. Shock Troops. Sunday Times, London: 29 June, 1969, pp. 59-65.

PIERINI, Mariapaola. Gli anni ’60: corpi mutati e mutanti, Quaderni del CSCI, n. 11. 2015, pp. 100-115.

PITASSIO, Francesco. Neorealist Film Culture, 1945-1954: Rome, Open Cinema. Amsterdam: Amsterdam University Press, 2019.

PRAVADELLI, Veronica (a cura di). Luchino Visconti. Venezia-Roma: Marsilio e Edizioni di Bianco e Nero, 2000.

PRAVADELLI, Veronica. Cinema e Feminist/Gender Studies oggi: percorsi molteplici tra teoria e storia. Imago, 6, 2, 2012.

RONDI,Gian Luigi. Visconti: il neorealismo con me è nato come si è concluso. Il Tempo, Roma: 21 gennaio, 1974.

SPERENZI, Mario (a cura di). L'opera di Luchino Visconti: atti del convegno di studi di Fiesole 27-29 giugno 1966. Firenze: Tipografia. A. Linari 1969.

VISCONTI, Luchino. Cinema antropomorfico. Cinema, Roma: n. VIII, vol. II 173-174, 25 settembre-25 ottobre 1943, pp. 108-109.

VISCONTI, Luchino. Oltre il fato dei Malavoglia. Vie Nuove, Roma: XV, 42, 22 ottobre, 1960, pp. 26-27.

Downloads

Publicado

2022-07-29

Como Citar

BIONDI, T. . Mulheres em vingança e novos “simbolismos de corpos femininos” entre antropomorfismo fílmico, moda e idealismo de género no cinema de Visconti. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], n. 35, p. 55–82, 2022. DOI: 10.26563/dobras.i35.1414. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1414. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê