As As aparências no sertão do Seridó
entre tapuias e cristãos, a moça bonita a banhar-se no poço (Rio Grande do Norte, séculos XVII-XIX)
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.i42.1751Palavras-chave:
Aparências, Moda, Gênero, Sertão do SeridóResumo
Este escrito examina o tema da organização das aparências no sertão do Seridó, Rio Grande do Norte, entre os séculos XVII e XIX. O texto inscreve-se em nossos interesses de pesquisa para conhecer sobre o vestir enquanto prática cultural e experiência sensível, notadamente na espacialidade sertaneja potiguar, com o objetivo de discutir imagens e discursos sobre o masculino e o feminino forjados na articulação do processo de conquista da América com a ocupação e a colonização do sertão do Seridó. Partindo da escriturística de definição da região e do ser regional, buscamos na História e na Memória encontrar as subjetividades humanas inspirando-se no conceito de gênero vinculado às relações de poder. Como metodologia, reunimos textos de autores do regionalismo seridoense do passado e do presente, em prosa e poesia, que foram analisados à luz de referências teóricas das áreas de moda e gênero. Os relatos sobre a presença indígena e a chegada da população de origem portuguesa, mais as narrativas sobre pretos e mestiços, vistos a partir de dados históricos e contos lendários, são cruzados pela ótica da organização das externalidades corporais. Após as análises, constatamos que a construção dos gêneros no âmbito da sociedade patriarcal sertaneja deu-se gradualmente nas malhas do cotidiano, quando o vestir/despir normatizado coletivamente e dotado de sentidos singulares, definiu os desenhos do masculino e do feminino no sertão do Seridó.
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