Moda afro-brasileira: o vestir como ação política
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.i30.1233Palavras-chave:
Moda – aspectos sociais, Moda afro-brasileira, Orgulho crespo, Relações étnicas e raciais, Design de resistênciaResumo
A moda afro-brasileira vem sendo estudada como uma moda contemporânea, que ressignifica conceitos, tradições, comportamentos, modos de fazer e usos no vestir das negras crioulas às negras ativistas em prol do cabelo crespo, que fez do turbante um artefato de resistência negra. O objetivo deste artigo é provocar uma reflexão sobre moda afro-brasileira como um vestir político que ressignifica o conceito de luta e resistência a partir da diáspora africana e reafirma a rica contribuição dessa população no fazer da moda brasileira. Para tanto faremos uso do ferramental teórico da semiótica discursiva e dos desdobramentos da sociossemiótica proposta por Eric Landowski, a fim de darmos conta do sincretismo dos discursos figurativizados nas imagens veiculadas em um conhecido veículo de comunicação brasileiro a Revista Veja. A justificativa dessa escolha se dá pelo fato de que a eleição de determinadas figuras por esse destinador, de reconhecido alcance midiático, combinada aos arranjos plásticos presentes nas imagens nos faz refletir sobre esses corpos sociais, permitindo-nos pensar a moda afro-brasileira como uma ação política. Por conseguinte, sugerimos a inclusão do estudo da moda afro-brasileira nos currículos dos cursos de graduação e pós-graduação em Têxtil e Moda e Design de Moda em atenção às leis n. 10.639/2003 e n. 11.645/2008.
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