Costura e escrita na poesia de Emily Dickinson
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.i42.1707Palavras-chave:
Poesia norte-americana, Costura, Emily Dickinson, FeminilidadeResumo
É de conhecimento geral que o século XIX, nas sociedades ocidentais, pautou-se pela distinção de papéis sociais a depender do sexo do indivíduo, o que significa que homens e mulheres exerciam atividades diferentes a partir de ideais de feminilidade e de masculini- dade. Em suma, os homens atuavam no espaço público do trabalho, da política, das relações econômicas, entre outras esferas; por outro lado, às mulheres ficavam reservadas tarefas relacionadas aos cuidados com a família, com a casa e com a manutenção de uma moral reli- giosa puritana, em uma atuação restrita, muitas vezes, ao espaço e às atividades domésticas. Dentre as obrigações domésticas femininas estavam as tarefas relacionadas à vestimenta de todo o grupo familiar à sua volta: lavar, quarar, passar, costurar – fabricar e consertar peças de vestuário, além do bordado, eram atividades corriqueiras para as mulheres. A partir des- se contexto e por meio de close reading, este trabalho de análise literária se propõe a leitura dos poemas “Don’t put up my Thread & Needle -” (“Não me guarde a Linha e a Agulha –”) e “To mend each tattered Faith” (“Para remendar a Fé de Todos”), de Emily Dickinson (1830- 1886), importante voz da poesia norte-americana no século XIX, para compreendermos como o eu-lírico se apropria do campo semântico ligado à costura e, portanto, ao estereótipo de feminilidade, para subverter literariamente o discurso da domesticidade e metaforizar o processo artístico da escrita poética nas imagens ligadas a esse universo da costura.
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