Louvre curitibano
gênero, consumo de moda e sociabilidades femininas na cidade modernizada
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.i42.1717Palavras-chave:
Mulheres., Consumo de moda, Sociabilidades, Louvre curitibanoResumo
A circulação de pessoas nas cidades modernizadas da segunda metade do século XIX foi marcada por questões de gênero, mas também de classe. Andar livremente pelos espaços urbanos, por exemplo, era privilégio dos homens, enquanto as mulheres da classe burguesa eram submetidas a restrições sob o risco de serem difamadas. Todavia, práticas de consumo foram um meio para ampliar o acesso e a presença feminina burguesa nas cidades a partir da criação das lojas de departamentos que associavam consumo e lazer. Neste artigo, busco demonstrar como tais acontecimentos forjaram práticas femininas burguesas de consumo e de sociabilidades naquele período e nas décadas vindouras. Para isso, analisarei anúncios da loja de tecidos Louvre dos anos 1930 e 1940, em Curitiba, Brasil. Observarei indícios de sentidos compartilhados entre as práticas comerciais, de consumo e de sociabilidades no Louvre de Curitiba e nas lojas de departamentos de Londres, Paris, Rio de Janeiro e São Paulo. Desse modo, pretendo refletir sobre como mulheres burguesas souberam utilizar o consumo, especialmente o de moda, para circular pelas cidades com legitimidade e explicitar a função mediadora do Louvre entre as mulheres e os espaços públicos curitibanos.
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SALOMÃO, Mariângela: depoimento concedido [5/6/2017]. Entrevistadora: Valéria Faria dos Santos Tessari. Curitiba, 2017.
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