Moda na Fronteira
Masculinidade, Migração e Modernidades na Amazônia Brasileira
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.i42.1765Palavras-chave:
Masculinidade, Trabalho migrante, Fotografia, Capitalismo industrial, Moda TransnacionalResumo
Em 1910, no auge do ciclo da borracha na América do Sul, o fotógrafo nova-iorquino Dana Bertran Merrill foi contratado para documentar a construção transnacional da ferrovia Madeira-Mamoré, construída nas profundezas da Amazônia brasileira. A sua câmera atuou tanto como testemunha quanto cúmplice deste projeto imperialista de expansão capitalista americana e exploração da América do Sul. Merrill não foi contratado com o intuito de documentar a cultura do vestuário transnacional da sociedade fronteiriça masculina que surgiu ao redor da construção da ferrovia. Não obstante, suas fotografias transbordam de informações visuais sobre o vestuário: o que os trabalhadores usavam e como o usavam, documentadas em detalhes extraordinários. Voltar-se para a moda oferece uma visão revisada sobre como seus sujeitos predominantemente masculinos, vindos de mais de 52 países, usaram roupas para construir suas identidades e posicionarem-se em relação uns aos outros naquele local remoto e pouco convidativo. O arquivo de Merrill fornece um estudo incomum para o historiador avaliar criticamente a desvalorização colonial e neocolonial do trabalho manual, na qual se basearam os projetos de modernidade industrial do início do século XX, como a ferrovia Madeira-Mamoré. Fundamentado na análise visual de moda, este artigo baseia-se no método revisionista de “fabulação crítica” da filósofa feminista Saidiya Hartman. Este método desvia da historiografia tradicional nos seus esforços para superar atos de apagamento do registo histórico. Ao unir os aspectos visuais e sensoriais da moda, apresenta-se novas compreensões sobre a história da moda, bem como sobre a fotografia na sua intersecção com projetos globais do capitalismo industrial.
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