Central do Brasil: “Esporte” de Risco
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.v12i27.985Parole chiave:
Práticas culturais. Antropologia do Esporte. Surfistas ferroviários. Central do Brasil. Conduta de risco.Abstract
O artigo trata das práticas desenvolvidas pelos passageiros da Central do Brasil que viajavam pendurados nas portas, nas janelas e no teto das composições, focalizadas entre os anos 1950 e 1980. Inicialmente utilizada pela necessidade de enfrentar a superlotação e não perder a hora no emprego, a prática pingente foi adquirindo ao longo do tempo autonomia face ao imperativo que a determinara, revestindo-se de novas motivações. No decorrer dos anos 1960, ela atendia a dupla necessidade de satisfazer o desejo de lazer e de manifestar o sentimento de revolta da juventude despossuída dos subúrbios cariocas. Nesse sentido, o texto destaca, ainda, a prática dos autodenominados surfistas ferroviários, situando-a no quadro contrastivo estabelecido com a arte dos surfistas marítimos, ao mesmo tempo, mimetizada, emulada e hierarquizada pelos jovens que, nos trilhos de trens, desafiam a morte.Downloads
Riferimenti bibliografici
ARIÈS, Philippe. O homem diante da morte. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
ELIAS, Norbert. A solidão dos moribundos, seguido de “envelhecer e morrer”. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
ELIAS, Norbert; DUNNING, Eric. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992. FERNANDES, Nelson da Nóbrega. O rapto ideológico da categoria subúrbio: Rio de Janeiro, 1858-1945. Rio de Janeiro: Apicuri, 2011.
FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: __________ Estratégia, poder-saber. Ditos e Escritos v. 2° ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
GODELIER, Maurice. Introdução. In: __________ (Org.): Sobre a morte: invariantes culturais e práticas sociais. São Paulo: Edições Sesc, 2017.
LE BRETON, David. Condutas de risco: dos jogos de morte ao jogo de viver. Campinas: Autores Associados, 2009.
MAUSS, Marcel. As técnicas do corpo. In: Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
PERALVA, Angelina. Violência e democracia: o paradoxo brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
SILVA, Ana Amélia. O trem da opressão: estado e conflito social na Grande São Paulo. 1982, 205 p. Dissertação (Mestrado em Ciência Política), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo.
WHYTE, William Foote. Sociedade de esquina: a estrutura social de uma área urbana pobre e degradada. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2005.