Moda monstra
a moda como ferramenta ciborgue no perfil de Instagram Fecal Matter
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.i34.1480Palavras-chave:
Moda, Corpo, Gênero, Fotografia, InstagramResumo
A dupla canadense Fecal Matter é a mais conhecida representante de um tipo de drag extremo que vem ganhando popularidade nas redes sociais desde o fim da década de 2010. Utilizando próteses, maquiagem, vestuário de fabricação própria e manipulação digital de imagens, a dupla cria fotografias de grande impacto fashion nas quais é patente uma busca por corporalidades pós-humanas, borrando os limites entre orgânico e inorgânico, masculino e feminino, animal e vegetal. Valendo-me da figura do ciborgue proposta por Donna Haraway (1991), da noção de “biocódigos de gênero” de Paul B. Preciado (2018) e de teorias da fotografia e da moda, analiso algumas imagens publicadas no perfil de Instagram da Fecal Matter. Nelas, percebo que a moda funciona como um dispositivo ambíguo: ao mesmo tempo que produz masculinidades e feminilidades normativas, também se opõe à noção de uma identidade fixa, funcionando como ferramenta ciborgue de desrealização do gênero, do corpo como unidade orgânica e da primazia do humano.
Downloads
Referências
AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo? Outra Travessia, Florianópolis, n. 5, p. 9-16, 2005.
EVANS, Caroline. Fashion at the edge. New Haven: Yale University Press, 2003.
FACTIO. In: Wiktionary. Disponível em: https://en.wiktionary.org/wiki/factio#Latin. Acesso em: 13 out. 2021.
FASHION. In: Merriam-Webster. Disponível em: https://www.merriam-webster.com/ dictionary/fashion. Acesso em: 13 out. 2021.
FELINTO, Erick; SANTAELLA, Lúcia. O explorador de abismos: Vilém Flusser e o póshumanismo. São Paulo: Paulus, 2012
FOUCAULT, Michel. Sobre a história da sexualidade. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2000. p. 243-76.
GAUTIER, Téophile. On fashion. Vestoj, n.d. Disponível em: http://vestoj.com/on-fashion/. Acesso em: 10 ago. 2018.
HARAWAY, Donna J. A cyborg manifesto. In: Simians, cyborgs and women. New York: Routledge, 1991.
HOLLANDER, Anne. Sex and suits. New York: Alfred A. Knopf, 1994.
JOBLING, Paul. Fashion spreads: word and image in fashion photography since 1980. Oxford: Berg, 1999.
KRISTEVA, Julia. Powers of horror: an essay on abjection. New York: Columbia University Press, 1982.
LAURETIS, Teresa de. A tecnologia do gênero. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 206-242.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero. Trad. Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
ORIGEM DA PALAVRA. Moda. Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/artigo/moda/. Acesso em: 13 out. 2021.
PAIXÃO, Humberto Pires da. Resistência e poder no dispositivo da moda. 258 f. 2017. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2017.
PRECIADO, Paul B. Testo junkie. Trad. Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: n-1 edições, 2018.
RUBIN, Gayle S. Deviations. Durham: Duke University Press, 2011.
SCHMITT, Juliana; SANCHEZ, Gabriel. Gênero e moda: do binarismo à tendência agender. In: DA SILVA, Camila Borges da; MONTELEONE, Joana; DEBOM, Paulo. A história na moda, a moda na história. São Paulo: Alameda, 2019.
SIMMEL, Georg. Filosofia da moda. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições Texto e Grafia, 2014.
TOLENTINO, Jia. The age of Instagram face. New Yorker, New York, 12 dec. 2019. Disponível em: https://www.newyorker.com/culture/decade-in-review/the-age-of-instagram-face. Acesso em: 9 fev. 2021.
WARWICK, Alexandra; CAVALLARO, Dani. Fashioning the frame. Oxford: Berg, 2001.
WEINSTOCK, Tish. Fecal Matter are redefining beauty with their alien realness. i-D, London, 25 abr. 2018. Disponível em: https://i-d.vice.com/en_uk/article/zmg9nw/fecal-matterare-redefining-beauty-with-their-alien-realness. Acesso em: 11 fev. 2019.
WILSON, Elizabeth. Adorned in dreams: fashion and modernity. London: I. B. Tauris, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0.
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais