Nem azul nem rosa: estratégias discursivas no âmbito comunicacional do consumo de moda agênero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.i41.1865

Palavras-chave:

Moda agênero, Análise de Discurso, Comunicação e Consumo, Instagram

Resumo

A ideia de que certas roupas se destinam às mulheres, enquanto outras se restringem aos homens, é uma construção social que ganha força na Modernidade, sendo explorada até hoje na sociedade contemporânea. Contudo, nos últimos anos, começam a despontar práticas de vestuário que surgem como forma de contestação e questionamento a estruturas conservadoras do vestir, a exemplo da moda agênero e a proposta de neutralização de códigos binários na vestimenta. Sendo assim, este artigo busca entender como se dão as estratégias discursivas em torno da constituição da moda agênero no âmbito comunicacional das marcas Beira, Cë e Handred, que dela se apropriam. A análise se constitui a partir de uma perspectiva empírica configurada na internet, particularmente na rede social Instagram, e se apoia na Análise de Discurso de linha francesa como referencial teórico-metodológico, sob a perspectiva dos estudos de Maingueneau. A pesquisa mostra que as estratégias discursivas utilizadas pelas marcas em torno da constituição da moda agênero articulam-se na tentativa de dar sentido a esta prática de vestuário, e a abordam ora como prática política (em intersecção com outros ativismos), ora como estratégia publicitária orientada para o mercado. Nesse contexto, considera-se não apenas as roupas, mas os processos de subjetivação que as permeiam, em particular os associados às representações do masculino e aos tabus ainda associados a elas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carina Borges Rufino, ESPM

Doutora em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM-SP; Pesquisadora independente.

Referências

BARROS, Patrícia Marcondes. A contracultura, o glam rock e a moda nos anos 70 e 80. In: III SEMINÁRIO INTERNACIONAL HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE. Anais eletrônicos. Florianópolis, UDESC, 2017, p. 1-11. Disponível em: <http://eventos.udesc.br/ocs/index.php/STPII/IIISIHTP/schedConf/presentations>. Acesso em: 20 out. 2021.

CASAQUI, Vander. A transformação social nos discursos da cena empreendedora social brasileira: processos comunicacionais e regimes de convocação na mídia digital. Revista Universitas Humanística, Bogotá, v. 81, n. 81, 2016, p. 205-226. Disponível em: <https://revistas.javeriana.edu.co/index.php/univhumanistica/issue/view/990>. Acesso em: 01/11/2021. DOI: https://doi.org/10.11144/Javeriana.uh81.tsnd

CRANE, Diana. A moda e seu papel social. São Paulo: Senac, 2006.

DE LAURETIS, Teresa. A Tecnologia do gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 206-242.

DE MIRANDA, A. P. C.; CASOTTI, L. M.; CHEVITARESE, L. P. Saia de homem como discurso de poder dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], v. 12, n. 26, p. 150-166, 2019. DOI: 10.26563/dobras.v12i26.918. Disponível em: <https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/918>. Acesso em: 10 set. 2020. DOI: https://doi.org/10.26563/dobras.v12i26.918

DOMINGUES, Isabela; MIRANDA, Ana Paula. Consumo de Ativismo. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2018.

ENTWISTLE, Joanne. El cuerpo y la moda. Barcelona: Paidós, 2002.

FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. Métodos de pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina, 2011.

FONTENELLE, Isleide. Frompoliticisationtoredemptionthroughconsumption: theenvironmentalcrisisandthegenerationofguilt intheresponsibleconsumer as constructedbythe business media. Ephemera, Ouro Preto, v. 13, 2013, p. 339-366.

GARCIA CANCLINI, Néstor. Consumidores e cidadãos. Rio de Janeiro: UFRJ, 2015.

GOMES, Mayra Rodrigues. Palavra de Ordem/Dispositivo Disciplinar. Galáxia. São Paulo, n. 5, 2003, p. 91-108. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/issue/view/113>. Acesso em: 20 maio. 2018.

GOMES, Jaqueline. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Guia técnico sobre pessoas transexuais, travestis e demais transgêneros, para formadores de opinião. 2ª edição, revista e ampliada. Brasília: [S. e.], E-book, 2012, 42p.

GONÇALES, Guilherme Domingues. Mulheres engravatadas: moda e comportamento feminino no Brasil, 1851-1911. São Paulo: Intermeios, 2020.

LAVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

LIPOVETSKY, Gilles. Império do Efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

MAINGUENEAU, Dominique. Discurso e análise do discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.

MAINGUENEAU, Dominique. Gênese dos discursos. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MAINGUENEAU, Dominique. Novas tendências em análise do discurso. Campinas: Pontes, 1997.

McROBBIE, Angela. In theculturesociety: Art, fashiomand popular music. London and New York: Routledge, 1999.

SOUZA, Gilda de Mello e. O Espírito das Roupas. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

RAINHO Maria do Carmo Teixeira. Moda e revolução nos anos 1960. Rio de Janeiro: Contracapa, 2014.

ROCAMORA, Agnès. Mediatizationand Digital Media in the Field of Fashion. Fashion Theory, v. 21, Issue 5, 2016, p. 505-522. Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/1362704X.2016.1173349>. Acesso em: 20 out. 2020. DOI: https://doi.org/10.1080/1362704X.2016.1173349

ROCHA, Everardo. A sociedade do sonho. Rio de Janeiro: Mauad X, 1995.

SCHMITT, Juliana; SANTOS, Gabriel. Moda sem gênero: conceituação e contextualização das tendências não binárias. In: 12º COLÓQUIO DE MODA. João Pessoa, 2016. Anais [ ]. Disponível em: <http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20

-%202016/>. Acesso em: 19 maio. 2020.

SCHMITZ, Rachel M.; HALTON, Trentom M. “I wantedtoraisemyhandandsayI’mnot a feminist”. Collegemen’s use ofhybridmasculinitiestonegotiateattachmentstofeminismandgenderstudies. JournalofMen’sStudies, Thousand Oaks, v. 25, n. 3, 2017, p. 278-297. Disponível em: <https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1060826516676841>. Acesso em: 15 nov. 2021. DOI: https://doi.org/10.1177/1060826516676841

WILSON, Elizabeth. Enfeitada de sonhos. Rio de Janeiro: Edições 70, 1985.

CË. In: Instagram. @ cejuntos. Disponível em: <https://www.instagram.com/cejuntos/>.Acesso em: 14 jun. 2020.

GUADAGNUCCI, Natália. Com alfaiataria tropical, marca carioca Handred estreia na SPFW. In: O Estado de São Paulo. Publicado em 15 de março de 2018. Disponível em: <https://emais.estadao.com.br/noticias/moda-e-beleza,com-alfaiataria-tropical-marca-carioca-handred-estreia-na-spfw,70002228682>. Acesso em: 20 abr. 2020.

HANDRED. In: Instagram. @handreddstudio. Disponível em: <https://www.instagram.com/handredstudio/>. Acesso em: 14 jun. 2020.

MARK BRYAN. In: Instagram. @ markbryan911. Disponível em: <https://www.instagram.com/markbryan911/>. Acesso em: 20 out. 2021.

RAF Simons questiona o gênero das roupas na coleção de verão de 2020. In: FFW. Publicado em 01 de outubro de 2021. Disponível em: <https://elle.com.br/moda/raf-simons-verao-2022>. Acesso em: 10 out. 2021.

ROMBINO, Anna. Beira estreia no SPFW com moda sem gênero e casulos de bicho da seda. In: O Estado de São Paulo. Publicada em 02 de abril de 2018. Disponível em: <https://emais.estadao.com.br/noticias/moda-e-beleza,conheca-a-beira-marca-sem-genero-que-estreia-na-proxima-spfw,70002251763>. Acesso em: 13 jun. 2019.

Downloads

Publicado

2024-08-01

Como Citar

RUFINO, C. B. Nem azul nem rosa: estratégias discursivas no âmbito comunicacional do consumo de moda agênero. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], n. 41, p. 144–166, 2024. DOI: 10.26563/dobras.i41.1865. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/1865. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê