Janelas: por uma geopoética de armazéns e refúgios
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.v4i8.219Resumo
Parece piada, mas eu me lembro como se fosse ontem. A sobrinha da comadre de uma amiga, que devia ter uns 4 ou 5 anos, perguntou-me candidamente se as galinhas nasciam no supermercado. Embaladas para presente, esquartejadas a vácuo. Imaginei Huguinho, Zezinho e Luisinho, meus companheiros de infância, crocantes na televisão de cachorro, para delivery. “Eles são patos. Só existem nos quadrinhos, em desenhos animados e na Disneylândia”, a garota argumentou. E, cruel como só as crianças sabem ser, ela continuou me interrogando. Queria saber como era um chester. Sabe, um chester de verdade, de boa marca, registrado na Anvisa2. Silêncio sepulcral. Que dizer de uma ave que eu mesma nunca havia visto andando com as próprias pernas! (Você conhece o chester pessoalmente? Já viu fotos dele circulando por aí? Vídeos no YouTube?). Galinhas, sim, sou capaz de apontar várias, embora nem sempre o reconhecimento venha de encontros no supermercado. Confesso que tive vontade de revelar que, na verdade, trata-se de frangos travestidos com vitaminas e hormônios que os deixam fofinhos e tenros como requer a publicidade (...)
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Referências
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