Expertise e legitimidade: os bureaux de style e a moda contemporânea

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26563/dobras.v12i27.989

Palavras-chave:

Bureaux de style. Tendência de moda. Sistema de moda. Especiali- dade. Discurso.

Resumo

O estudo aborda as empresas de previsão de tendências de moda, bureaux de style, e a ampla rede de relacionamentos por elas organizada no sistema de moda, demonstrando sua centralidade na criação de valor para produtos de moda. Primeiramente, discute-se a perspectiva de Giddens sobre a modernidade e o desencaixe da experiência direta, cujo vácuo foi preenchido por instituições especializadas. No sistema de moda, uma das expertises mais valorizadas ao longo da cadeia é o conhecimento das tendências, cuja institucionalização se dá por meio dos bureaux de style nos anos 1960. O objetivo principal deste trabalho é analisar o papel dos bureaux de style no atual sistema de moda. Para esse fim, os representantesmais relevantes foram investigados para desvendar as modalidades e as estratégias de informação de tendências da moda – e de si mesmos como especialistas. A pesquisa documental envolveu a coleta de imagens e de textos das empresas de pesquisa de tendências: Peclers, Promostyl, Carlin, DMI, View, WGSN, Use Fashion, TrendsTop e TrendUnion. Os dados foram analisados com o auxílio do software MAXQDA e com base nos fundamentos da GroundedTheory. Os resultados levam a questionar a fé depositada nessas agências. Considera-se que as “grandes” casas de estilo sustentam sua legitimidade graças aos seus discursos e à circulação de representações específicas, que podem ser vistas como estratégia de marca. Os bureaux de style mantêm e reiteram seu status de especialistas à medida que continuam a articular demanda, produção e consumo na moda.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BANDEIRA-DE-MELLO, Rodrigo; CUNHA, Cristiano J. Grounded Theory. In: GODOI, Christiane; BANDEIRA-DE-MELLO, Rodrigo; SILVA, Anielson. Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva,. 2006,p. 241-266.

CASSIANI, Silvia Helena de Bortoli; CALIRI, Maria Helena Larcher; PELÁ, Nilza Teresa Rotter. A teoria fundamentada nos dados como abordagem da pesquisa interpretativa. Revista Latino-Americana de Enfermagem.Ribeirão Preto,v. 4, n. 3, p. 75-88,1996.

CASTRO, Cleber; PEIXOTO, Maria Naíse; RIOS, Gisela. Riscos ambientais e geografia: conceituações, abordagens e escalas. Anuário do Instituto de Geociências, v.28, n.2, p.11-30, 2005. Disponível em: http://www.anuario.igeo.ufrj.br/anuario_2005/Anuario_2005_11_30.pdf. Acesso em: 8 jul.2015.

CORBIN, Juliet; STRAUSS, Anselm. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing Grounded Theory.3. ed. London: Sage, 2008.

ERNER, Guillaume. Sociología de las tendencias. 1. ed. 2. reimp. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2012.

GIDDENS, Anthony. The consequences of modernity. Cambridge: Polity Press, 1991. GIDDENS, Anthony. A vida em uma sociedade pós-tradicional. In: BECK, Ulrich. et al. (Ed.).

Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Unesp, 2012. p. 89-166.

GORZ, André. O imaterial: conhecimento, valor e capital. São Paulo: Annablume, 2005.

KELLER, Paulo. O trabalho imaterial do estilista. Revista Teoria e Sociedade,v.2, n.15, p.8-29, 2007. Disponível em: http://ww.soa.fafich.ufmg.br/~revistasociedade/edicoes/ artigos/15_2/O_TRABALHO_IMATERIAL_DO_ESTILISTA.pdf. Acesso em: 1 jul. 2014.

LERFEL, Sarah. La règle d’or d’une tendance,c’est sa capacité à surprendre. In: BACRIE, Lydia (Ed.).Qu’est-ce qu’une tendance de mode?Paris: Fédération Française du Prêt à Porter Féminin, 2012. p. 28-33.

MAILLET, Thierry. Parisian fashion prediction companies: from sampling to style bureaus (1825-1975). Disponível em: https://www.academia.edu/10784678/THE_ROLE_AND_FUNCTIONS_OF_FASHION_PREDICTION_COMPANIES_IN_FRANCE_1825-1975_. Acesso em: 19 jan. 2017.

MONÇORES, Aline. Tendências: o novo constante. 2013. 177f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Design, Departamento de Artes e Design,Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

MÜLLER, Florence. Tendances et innovations. In: BACRIE, Lydia (Ed.). Qu’est-ce qu’une tendance de mode? Paris: Fédération Française du Prêt à Porter Féminin, 2012. p. 16-27.

RODI, Nelly. Tendances et communautés. In: BACRIE, Lydia (Ed.).Qu’est-ce qu’une tendance de mode?Paris: FédérationFrançaiseduPrêt à Porter Féminin, 2012. p. 34-43

SANT’ANNA MÜLLER, Mara Rúbia. Prêt-à-porter, discussões em torno de seu surgimento e relação com a alta-costura francesa. Projética Revista Científica de Design, v.2, n.2, p.114-127, 2011. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/projetica/article/viewFile/8856/9267. Acesso em: 14 jul. 2014.

VINCENT-RICARD, Françoise. As espirais da moda. [Objets de la mode]. 5.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008.

WALSHAM, Geoff. Interpreting information systems in organizations. Nova York: Wiley, 1993.

Downloads

Publicado

2019-12-19

Como Citar

CAMPOS, A. Q. Expertise e legitimidade: os bureaux de style e a moda contemporânea. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], v. 12, n. 27, p. 193–205, 2019. DOI: 10.26563/dobras.v12i27.989. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/989. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos