Costureiras e comerciantes de modas: disputas pelo direito de vestir mulheres na Paris do século XVIII
disputas pelo direito de vestir mulheres na Paris do século XVIII
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.i42.1768Parole chiave:
Campo da moda, França, Século XVIII, Mulheres, Relações de gêneroAbstract
O presente artigo analisa as disputas, na Paris do século XVIII, sobre o trabalho de produção das vestimentas das mulheres e seus significados subjacentes; de maneira mais específica, as querelas sobre quem deveria produzir as roupas consideradas para mulheres. Examinamos, dessa forma, a consolidação de discursos de justificação da cos- tura e da criação de tendências como trabalhos mais adequados para as mulheres e que deveriam ser desempenhados preferencialmente por elas. Para isso, nos debruçamos so- bre os conflitos entre trabalhadores e trabalhadoras pelo direito de vestir mulheres, mais evidentes nos casos das mestras costureiras (maîtresses couturières) e das comerciantes de modas (marchandes de modes). De certa forma, a defesa dos chamados “trabalhos de agulha” como domínio das mulheres significou um rearranjo ambíguo dos entendimentos de sexo e das definições de papéis de gênero. Concluímos que a retórica mobilizada para se defender o trabalho das mulheres mudou de um eixo de discurso moral, baseado em sua função social e na proteção da modéstia das consumidoras, para um eixo pautado na definição de trabalhos adequados ou não à cada sexo. Por fim, se por um lado ocorreu uma ampliação do trabalho legítimo das mulheres, com o reconhecimento na forma de cor- porações de costureiras e mercadoras de modas, por outro essa ampliação baseou-se na restrição dos papéis de gênero que as mulheres poderiam desempenhar nesse setor. Com isso uma distinção foi estabelecida nos afazeres da moda entre trabalhos considerados adequados para mulheres e trabalhos adequados para homens.
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