Chamada em fluxo contínuo
A dObra[s] recebe em fluxo contínuo submissões de artigos, resenhas, entrevistas e traduções de temática que contemple o escopo da revista. Para mais informações acesse https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/diretrizes"
Próximos dossiês com chamadas de trabalhos abertas:
Número 48:
Dossiê dObra[s] 48
História da Moda e da Indumentária: vestes, imagens e representações do passado
Organizadores:
Paulo Debom – Senai Cetiqt/Escola de Artes Celso Lisboa
Camila Borges - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Prazo para envio de artigos: 30 de abril de 2026
Previsão de publicação: dezembro de 2026
A indumentária é há muito reconhecida como uma das expressões mais significativas da vida social. Para além da dimensão estética, ela se constitui como documento histórico e prática cultural que permite compreender relações de poder, transformações econômicas, mudanças nos modos de sociabilidade e na construção de identidades coletivas e individuais.
Nas últimas décadas, contudo, a História Moda e da indumentária ultrapassou o estatuto exclusivo de objeto de estudo e consolidou-se como um campo de pesquisa autônomo, com categorias próprias, debates teóricos específicos e grande interlocução com outras áreas do saber. Nesse sentido, investigar a cultura das aparências significa não apenas analisá-la como reflexo de uma época, mas reconhecê-la como espaço de produção de conhecimento e de interpretação crítica sobre a história e a cultura.
O dossiê “História da Moda e da Indumentária: vestes, imagens e representações do passado” propõe reunir artigos que tenham por base pesquisas ancoradas em fontes primárias/documentos de época e sustentadas pelo rigor metodológico característico da disciplina histórica. Busca-se contemplar a multiplicidade de perspectivas que atravessam a escrita da história, entre elas:
- História cultural: análise de representações, práticas e circulação de símbolos, considerando também suas manifestações e experiências no universo da cultura digital;
- História política: relações entre poder, Estado e vestimenta;
- História econômica: produção, circulação e comércio de têxteis, vestuário e adornos;
- História social: modos de vida, distinções de classe e experiências coletivas;
- História do trabalho: ofícios, condições laborais e transformações da indústria do vestir;
- História das mulheres e de gênero: vestimenta como prática de construção e negociação de identidades;
- História e Cultura Material: estudo de objetos, artefatos e vestígios do vestir em suas dimensões sociais e históricas;
- História e Cultura Visual: análise de imagens, representações e práticas visuais conectadas à cultura das aparências, incluindo suas interfaces com experiências audiovisuais e mediações cinematográficas, televisivas e digitais;
- História oral: narrativas individuais e coletivas que expressam memórias, experiências sensíveis e vivências ligadas ao vestir;
- História e Ensino de História: usos da Moda e da Indumentária como recursos pedagógicos para compreender processos históricos e estimular práticas de ensino inovadoras;
- História e Ciências Sociais: diálogos interdisciplinares entre Moda, antropologia, sociologia e ciência política.
Ao articular diferentes tradições e enfoques historiográficos, o dossiê pretende estimular o diálogo entre pesquisadores de distintas áreas do conhecimento, reconhecendo História da Moda e da Indumentária como um campo de pesquisa essencialmente interdisciplinar. Assim, abre-se espaço para abordagens que perpassam a história cultural, política, econômica e social mesmo que oriundas de outros campos como Ciências Sociais, Filosofia, Arte, Design e Comunicação. Contudo, ainda que provenientes de campos variados, todas as investigações submetidas a esse dossiê deverão ter como ponto de partida a pesquisa em fontes históricas, assegurando o rigor metodológico e a consistência analítica que sustentam a reflexão acadêmica.
Bibliografia
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2007.
BONADIO, Maria Claudia; SILVA, Elisabeth Murilho da. História e Historiografia da Moda. São Paulo: Alameda Editorial, 2024.
BONADIO, Maria Cláudia; MATTOS, Maria de Fátima da S. Costa de (org.). História e cultura de moda. São Paulo: Estação das Letras e Cores. 2011.
CALANCA, Daniela. História social da moda. SP: Editora SENAC, 2008.
CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre certezas e inquietudes. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002.
DEBOM, Paulo. A moda e o vestuário como objetos de estudo na História. Revista de Ensino em Artes, Moda e Design, Florianópolis, v. 3, p. 13-26, 2019.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
MERLO, Márcia (org.). Museus e moda. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016.
MONTELEONE, Joana. O circuito das roupas: a corte, o consumo e a moda (Rio de Janeiro, 1840-1889). São Paulo: Alameda, 2022.
RAINHO, Maria do Carmo Teixeira. A Cidade e a Moda: novas pretensões, novas distinções – Rio de Janeiro, século XIX. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002.
RAINHO, Maria do Carmo Teixeira. Moda e revolução nos anos 1960. Rio de Janeiro: Contracapa, 2014.
ROCHE, Daniel. História das coisas banais: nascimento do consumo (séc. XVII-XIX). RJ: Editora Rocco, 2000.
ROCHE, Daniel. A cultura das aparências: uma história da indumentária (séculos XVII-XVIII), SP: Editora SENAC, 2007
SILVA, Camila Borges; MONTELEONE, Joana; DEBOM, Paulo (orgs). A História na Moda, a Moda na História. São Paulo: Alameda editorial, 2019.
SILVA, Camila Borges da. O símbolo indumentário: distinção e prestígio no Rio de Janeiro (1808-1821). Secretaria Municipal de Cultura: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 2010.
SIMILLI, Ivana; BONADIO, Maria Claudia. Histórias do vestir masculino: narrativas de moda, beleza e elegância. Maringá: Eduem, 2017.
SIMILLI, Ivana; Guilherme Telles da Silva. As Roupas na História: pesquisar, narrar e ensinar. Curitiba: Editora CRV, Brasil 2024.
VIANA, Iamara; COSTA, Valéria. Vestidas de (re)existência! Indumentárias de mulheres africanas e afro-diaspóricas no Brasil escravista. In: VIANA, Iamara; COSTA, Valéria (orgs). Mulheres afro-atlânticas e Ensino de História. Rio de Janeiro: Malê, 2023.
XAVIER, Giovana. História social da beleza negra. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2021.
Número 47:
Dossiê dObra[s] 47
Relações de trabalho e gênero no design têxtil e de moda
Organizadoras:
Dra. Ana Julia Melo Almeida (Pesquisadora de pós-doutorado - IEB-USP)
Dra. Francisca Nogueira Mendes (Professora e pesquisadora – Universidade Federal do Ceará)
Prazo para envio de artigos: outubro 2025
Previsão de publicação: agosto e/ou dezembro 2026
Este dossiê tem por objetivo reunir artigos, entrevistas, resenhas e traduções que abordem as relações de trabalho e gênero, além de narrativas e memórias presentes nas práticas têxteis. Ao compreender o fazer têxtil como uma prática social e cultural historicamente constituída, nos interessa pensar de que maneira esses artefatos se relacionam com as pessoas que os produzem, além de refletir sobre os usos e significados que os objetos adquirem ao circularem por diferentes espaços.
Nessa perspectiva, convidamos pesquisas que se dediquem a análises e abordagens que considerem a produção têxtil em um escopo expandido: no âmbito dos objetos projetados aos corpos e ao vestir; artefatos que se relacionam com o ambiente doméstico; peças que participam de práticas expositivas, ou que carreguem memórias sobre os fazeres e saberes, entre outros. Nosso intuito com este dossiê é debater as materialidades têxteis por meio das relações de trabalho e de gênero, e delas como lugar de memória e narrativas, compreendendo os ofícios, conhecimentos, localidades e processos de trabalho que atravessam a elaboração desses artefatos. Também nos interessam as hierarquias que perpassam as práticas têxteis, relacionando a produção desses artefatos a diferentes marcadores sociais - classe, raça, etnia, gênero, localização geográfica etc.
Abaixo, alguns temas sugeridos para esta edição, mas não apenas eles:
- Abordagens críticas à historiografia do design por meio dos artefatos têxteis;
- Espaços de profissionalização e de trabalho voltados às práticas têxteis, sejam elas artesanais ou industriais;
- Análise crítica das hierarquias que compõem a produção, a circulação e a documentação dos artefatos têxteis no campo do design;
- Memórias e narrativas dos fazeres têxteis, considerando o registro dos processos de trabalho e as dinâmicas de gênero;
- Estudos da cultura material que considerem a dimensão de gênero associada aos artefatos têxteis;
- Relação entre a constituição de localidades e bairros associados à produção têxtil e as dinâmicas de trabalho e de gênero situadas;
- Fluxos migratórios, relações de trabalho e localidades produtoras têxteis;
- Análise das relações de trabalho nos processos produtivos têxteis a partir dos estudos de gênero, das teorias feministas e de perspectivas decoloniais;
- Abordagens interseccionais que considerem os diferentes marcadores sociais presentes na produção de artefatos têxteis - classe, raça, etnia, gênero, localização geográfica etc.
Referências
ALMEIDA, Ana Julia Melo. Mulheres e profissionalização no design: trajetórias e artefatos têxteis nos museus-escolas MASP e MAM Rio. Tese (doutorado) Programa de Pós-Graduação em Design - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2022. Disponível em: [https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16140/tde-16012023-175956/pt-br.php].
BUCKLEY, Cheryl. Made in Patriarchy: Toward a Feminist Analysis of Women and
Design. Design Issues, v. 3, n. 2, 1986, p. 3-14.
BUCKLEY, Cheryl. Made in Patriarchy II: Researching (or Re-Searching) Women and Design. Design Issues, v. 36, n. 1, 2020, p. 19-29.
CARVALHO, Vânia Carneiro de. Gênero e Artefato. O sistema doméstico na perspectiva da cultura material - São Paulo, 1870-1920. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2008.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2020.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na sociedade brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs,1984, p. 223–244.
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Revista Tempo Social, v. 26, n.1, 2014, p. 61-73.
MENDES, Francisca R. N. Modelando a vida no Córrego de Areia: tradição, saberes e itinerários. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2011.
SANTOS, Marinês Ribeiro dos. Gênero e cultura material: a dimensão política dos artefatos cotidianos. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 26, n. 1, 2018, p. 241-282.
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. “Regina Gomide Graz: modernismo, arte têxtil e relações de gênero no Brasil”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 45, 2007, p. 87-106.
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Bordado e transgressão: questões de gênero na arte de Rosana Paulino e Rosana Palazyan. Revista Proa, Campinas, v. 2, 2010, p. 1-19.
SCOTT, Joan W. Gender: A Useful Category of Historical Analysis. The American Historical Review, v. 91, 1986, p. 1053-1075.
SCOTT, Joan W. Gender: Still a useful category of analysis? Diogenes, v. 57, n. 1, 2010, p. 7-14.
SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana M. A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 27, n. 54, 2007, p. 281-300.
SMITH, T’ai. Bauhaus weaving theory: from feminine craft to mode of design. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2014.
VERGÈS, Françoise. Um feminismo decolonial. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
WELTGE, Sigrid. Women’s work: textile art from the Bauhaus. Londres: Thames and Hudson, 1993.







