Um guia de boas maneiras dos anos 1950: micro-interações e práticas interpessoais em uma leitura de “Boas Maneiras”, de Carmen D’Ávila
DOI:
https://doi.org/10.26563/dobras.v18i44.1706Palavras-chave:
Comunicação Interpessoal, Polidez, Boas Maneiras, GoffmanResumo
Este artigo delineia alguns aspectos da comunicação interpessoal em nível micro relativos à polidez e às boas maneiras presentes em “Boas maneiras”, manual de etiqueta e civilidade escrito por Carmen D’Ávila nos anos 1930. O objetivo é indicar como algumas interações cotidianas aparentemente insignificantes são, na verdade, planejadas para o melhor desempenho social possível em todas as ocasiões. A partir de uma leitura do livro pautada sobretudo em algumas concepções de Goffman, argumenta-se que as micro-interações polidas dependem, segundo o livro estudado, de três elementos principais: (1) as condições sociais de emergência do conceito de “polidez” no ambiente urbano moderno; (2) a dinâmica e os limites de cada interação e (3) o objetivo das fala, gestos e expressões corporais em uma determinada situação.
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![A imagem é uma composição artística com uma pessoa e elementos florais em um fundo laranja vibrante. Uma figura de cabelo ruivo, vista parcialmente de costas, está sentada ou ajoelhada, com cordas vermelhas amarradas em uma das pernas. Flores escuras e estilizadas com detalhes em vermelho adornam o lado esquerdo, e a pessoa repousa sobre uma superfície de madeira. No canto superior direito, lê-se "[artigos]" na vertical.](https://dobras.emnuvens.com.br/public/journals/1/submission_1706_2406_coverImage_pt_BR.jpg)
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